quarta-feira, 2 de outubro de 2013

[1] ALCÂNTARA, MARANHÃO: CENTRO DE LANÇAMENTO E PATRIMÔNIO CULTURAL NACIONAL - PRIORIDADES E OMISSÕES

ALCÂNTARA, MARANHÃO: CENTRO DE LANÇAMENTO E PATRIMÔNIO CULTURAL NACIONAL - PRIORIDADES E OMISSÕES

A GEOPOLÍTICA DOS FOGUETES E SATÉLITES NA TERRA DE MACUNAÍMA

Ronald de Almeida Silva
São Luís, Patrimônio Cultural Nacional e Mundial, MA
Set.2013



Tudo que está escrito no texto abaixo transcrito de autoria do jornalista Mauro Santayana é VERO. Só que ele foi muito diplomático e sucinto em sua análise sobre uma questão tão crucial como essa.

FOGUETES E SATÉLITES [e respectivas ciências, tecnologias, centros de pesquisas e lançamentos, fábricas, empregos etc.] são partes intrínsecas da mais estratégica das atividades humanas hoje: a tal da TIC - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO!!!

No caso do CLA faltou ao MS conhecer melhor a geopolítica do Maranhão, do Congresso, da AEB, do EMFA e do governo americano, para entender porque estamos sempre bisonhamente no rabo do foguete, comendo pó e fogo e matando gente. Dentre outros fatores de suma relevância não citados por MS, destaco:

1) O absurdo e deletério desinteresse e desinformação da sociedade brasileira, em geral, e do Maranhão, em particular, quanto a necessidade imperiosa, inafastável, irredutível que tem todo país de dimensões continentais de dispor de infraestrutura, mecanismos e instrumentos de geoprocessamento logístico tanto para segurança pública interna e defesa/ataque, como para mapeamento e monitoramento de seu território e de suas riquezas naturais [ex; fronteiras, Amazônia; mar territorial, fontes de energia; poços e plataformas de petróleo; agronegócios, regiões metropolitanas, centros urbanos etc.];

2) Nessas quase três décadas ficou patente o absoluto descaso da classe política, das autoridades públicas estaduais e municipais e das elites empresariais no Maranhão quanto ao CLA e a tudo que lhe é inerente e imanente enquanto potencial pólo nacional de alta tecnologia, segurança nacional e negócios globais de comunicação. Basta dizer que o projeto do CLA - nesse contexto de dimensões continentais e interesses globais - é refém de QUILOMBOLAS e de um imenso varal de anacronismo jurídicos e orçamentários absurdos;

3) O Maranhão, como um grande MACONDO brasileiro, sendo o mais pobre estado do Brasil em termos de IDH e distribuição e renda, não cuida sequer do Centro Histórico de Alcântara, Patrimônio Cultural Nacional, e nem tem política alguma para interagir com o CLA de forma estratégica.

4) O Governo Federal, o Governo do Maranhão e, de modo amplo, a classe política maranhense sempre "venderam" e planejaram muito mal e iniciaram pessimamente - há cerca de 30 anos - a implantação do CLA, culminando com a pira funerária que se tornou a plataforma de lançamentos em 22/08/2003, matando 21 técnicos brasileiros.

5) A população brasileira, de modo geral, vê o CLA com escárnio, chacotas e enorme descrédito, ante a pantomima que se tornou o interminável debate político e orçamentário sobre a "capacidade nacional" de fazer face às grandes potências no campo do desenvolvimento aeroespecial. Enquanto o Brasil se mantiver genuflexo em seu alinhamento compulsório e submisso aos interesses americanos [empresariais, corporativos e governamentais] não haverá chance alguma de se avançar significativamente nesse campo.

Continua no próximo capítulo.
Ronald Almeida


O FUTURO DO CLA – CENTRO DE LANÇAMENTO DE ALCÂNTARA

Por Mauro Santayana

29 de set de 2013

http://www.maurosantayana.com/2013/09/o-espaco-de-cada-um.html

A notícia de que a utilização da Base Espacial de Alcântara para o lançamento de peças e foguetes com componentes norte-americanos estaria entre os assuntos que seriam discutidos por Dilma e Obama, caso tivesse sido realizada a visita de Estado aos EUA, nos leva a refletir sobre outro aspecto importante da relação entre os dois países e o futuro da política espacial brasileira.
Apesar do compromisso – a meu ver equivocado – de o Brasil não desenvolver armamento atômico, os EUA tem deixado clara a sua oposição ao desenvolvimento autônomo de foguetes de longo alcance pelo nosso país,  e, a partir deles, de mísseis que pudessem vir a ser utilizados para transportar ogivas nucleares.
A política espacial brasileira tem, no momento, duas vertentes: uma, comercial, está voltada para a futura utilização do Centro Espacial de Alcântara – localizado, estrategicamente, na linha do Equador, o que permite uma economia em combustível de cerca de 30% – para o lançamento de satélites, por meio da ACS - Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa binacional criada pelos governos do Brasil e da Ucrânia.
A outra, mais estratégica, é a de prosseguir com o desenvolvimento, independente, do VLS – Veículo Lançador de Satélites, projeto que já passou por inúmeros percalços, entre eles, a polêmica explosão de um foguete e de uma plataforma de lançamento, em 2003, na qual morreram 21 técnicos brasileiros.
O prosseguimento dos dois programas tem esbarrado em vários fatores.
A disputa pela área em que se situa a Base de Alcântara, entre a Aeronáutica e comunidades quilombolas remanescentes - restringindo o espaço destinado às atividades espaciais - é o mais imediato deles.
O segundo é a negativa dos EUA em permitir o lançamento desde o território brasileiro de equipamentos com peças e componentes norte-americanos - o que inclui a maioria dos satélites construídos nos países ocidentais.
É esse tema que seria tratado pela Presidente Dilma nos Estados Unidos.
Como já é detentora de tecnologia espacial, o interesse da Ucrânia é comercial e não estratégico. O país acredita, ingenuamente, que poderia ter acesso a mais clientes se o Brasil aceitasse as restrições norte-americanas. Mas os ucranianos se esquecem que os EUA (ou suas empresas), que já concorrem com outros países, como a França, não teriam – mesmo se fossem atendidos - o menor interesse em facilitar a entrada de mais um concorrente, como é o caso da ACS, no mercado internacional de lançamento de satélites.
Transferindo-se, no futuro, a base de lugar - ou expandindo as instalações para fora da área em disputa - o Brasil teria duas saídas.
Como foi feito com a França, no caso do submarino nuclear brasileiro, tentar um acordo com a Ucrânia para a conversão do projeto da ACS em um programa não mais comercial, mas estratégico - pagando pela tecnologia.
Ou concentrar todos os esforços no VLS, desenvolvendo localmente as peças que não podemos importar, com a contratação de cientistas estrangeiros.
Este texto foi publicado também nos seguintes sites:



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